Protetor solar do futuro pode ter inspiração nos polvos; entenda

julho 25, 2024
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Protetor solar do futuro pode ter inspiração nos polvos; entenda


Os dermatologistas me perdoam, mas não aplico protetor solar todos os dias. E posso apostar que mais de metade da população mundial faz exactamente a mesma coisa (embora não o possa provar cientificamente). Você mesmo está lendo este texto agora: duvido que se proteja diariamente dos raios ultravioleta.

Eu, por outro lado, sempre uso protetor solar quando vou à praia. E nunca tiro o excesso quando entro no mar. Novamente, não há pesquisas que meçam isso, mas aposto novamente que a maioria das pessoas faz o mesmo.

Contudo, esta prática aparentemente inofensiva causa danos à fauna e à flora marinhas. O acúmulo de algumas das substâncias contidas nesses produtos, como a oxibenzona e o octilmetoxicinamato, provoca alterações no ambiente, principalmente nos corais, o que pode levar ao seu branqueamento. Primeiro eles perdem a cor e depois morrem.

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E não estamos falando de pouco protetor solar nos oceanos. De acordo com organização ambientalista Cruz Verde, despejamos nos mares cerca de 25 mil toneladas desse material. Especialistas estimam que, desse total, pelo menos 6 mil toneladas cheguem aos recifes de coral.

Ah, mas os corais são realmente tão importantes? A resposta é sim! Os recifes de coral abrigam pelo menos um quarto de toda a vida marinha. Além disso, são fonte de proteína para algumas espécies – e são ingredientes para alguns medicamentos humanos.

Pensando nisso, um grupo de cientistas criou um protetor solar inofensivo ao meio ambiente. Isso acontece porque um dos principais ingredientes é o mesmo que pigmenta a pele dos polvos e das lulas.

Um protetor solar sustentável

  • As químicas Leila Deravi e Camille Martin, da Northwestern University (EUA) passaram anos estudando uma substância chamada Xantocromo (xantocromo).
  • É a versão sintetizada da xantomatina, importante molécula de pigmento encontrada na pele de cefalópodes, como polvos e lulas.
  • Também desempenha um papel central na mudança de cor desses animais, quando se camuflam dos predadores.
Camille Martin (à esquerda) e Leila Deravi são cofundadoras da Seaspire – Imagem: Divulgação/Northwestern University
  • Durante a pesquisa, os cientistas perceberam que esse composto possui propriedades antioxidantes.
  • E quando misturado ao óxido de zinco, pode ser utilizado na pele humana, formando um escudo contra a radiação solar.
  • Um escudo que, além de proteger dos raios, cuida da nossa pele pelas suas propriedades antioxidantes e não polui os oceanos.
  • A pesquisa foi publicada em Jornal Internacional de Ciência Cosmética.

Os próximos passos da invenção

A ideia dos dois químicos começou em 2019. Há até um vídeo que mostra os cientistas conversando sobre o assunto naquele momento.

Foi então que decidiram entrar no projeto e criar uma empresa de biotecnologia inspirada no mar. O nome? Seaspire.

Em 2022, a Seaspire conseguiu arrecadar US$ 4 milhões em financiamento de investidores para pesquisa e desenvolvimento.

Hoje, dois anos depois, dizem estar perto de uma espécie de linha de chegada. Agora, seu objetivo é formar novas parcerias para levar o xantocromo do laboratório ao mercado.

Segundo eles, o objetivo principal não é desenvolver um produto cosmético de marca própria, mas sim tornar essa substância acessível, para que ela se torne um ingrediente-chave para outros fabricantes.

A equipe vê este composto como um ingrediente de última geração que pode ser adicionado a outras fórmulas e atuar como um reforço eficaz para filtros solares de base mineral. E ambientalmente consciente. Algo que deveria ser prioridade número 1 para quase todas as empresas hoje.

As informações são de Novo Atlas.





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